quarta-feira, 1 de junho de 2011

A disparidade entre o discurso e a práxis no tema das mudanças climáticas

O individualismo e a privatização de problemas públicos são dois pontos que fazem da análise social do século XXI complexa, pois estes dois fenômenos são criados a partir da propagação de valores ocidentais, como o consumo exacerbado, a necessidade de progresso tecnológico etc. Tais valores se difundem para todas as esferas sociais, começando pela relação individual, passando pela interpessoal, refletindo, por fim, nas relações interestatais, as quais ações de negligência se configurarão com mais força quando tratamos de mudanças climáticas.
Há, segundo Norma Felicidade Valêncio (2010, p. 154), uma separação das ações entre os países, fruto de diferenças culturais, e principalmente de diferenças quanto às necessidades particulares. A ONU, de acordo com tal perspectiva, se mostra falha na tentativa de promover um desenvolvimento humano que atenda às mínimas necessidades de algumas regiões do globo.
O distanciamento entre os países ditos ricos e os ditos pobres é evidente quando se trata de políticas que procurem desenvolver os componentes do segundo grupo. Mesmo quando há certo conhecimento da realidade dos países considerados subdesenvolvidos, esta se faz sentir longe, como se despregada do mundo vivenciado. Assim, faz-se insuficiente a análise das necessidades do outro sem que as condições propiciadas pela história, pela cultura, pela economia e até mesmo pela política sejam desconsideradas.
As tragédias ambientais referentes às mudanças climáticas no continente africano é um exemplificador do distanciamento existente entre o discurso internacional de defesa dos direitos humanos e das ações que o colocam em prática. A responsabilização pelas transformações do clima global é atribuída com frequência aos países “desenvolvidos”, porém pouco é realizado pelos mesmos para atenuar os impactos sofridos pelos países do terceiro mundo. A consideração de que o mundo do século XXI não possui fronteiras mostra-se, portanto, como algo que não pode ser encontrado para os indivíduos, enquanto que as ações particulares referentes ao meio ambiente refletem em todo o planeta.

Referências
VALÊNCIO, N. F. L. S. Caminho bifurcado: em busca de um aporte humanístico nas relações Brasil-África no tema das mudanças climáticas. In: SALA, J. B.; GASPAROTO, A. L. (org.). Relações Internacionais: polaridades e novos/velhos temas emergentes. Marília: UNESP – Oficina Universitária, 2010. p. 151-175.

Subtema: Relações Brasil-África no contexto das mudanças climáticas.  
Integrantes: Kaique Carvalho e Virginia Góes.

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